domingo, 23 de setembro de 2012

Ice-T e Body Count


Bem, esse post vai ser uma verdadeira viagem no tempo.

Ice-T (ao centro) e a banda Body Count: roqueiros negros, em uma época racista.


Imagine no início dos anos 90, onde a cena musical era bem radical:
O Rock n' Roll clássico sofria um declínio, de leve que seja, perante a quantidade de outros estilos sonoros, mesmo que sub-gêneros dentro do próprio Rock, como o Movimento Grunge, vindo da nublada Seattle, e o Metal Alternativo, que surgiu em Los Angeles. 

Para ajudar, o Hip Hop, mais especificamente o gênero conhecido como "Gangsta Rap", começou a conquistar seu lugar nas rádios, com suas letras realistas, porém violentas demais.

Por mais absurda que pareça a ideia hoje, nunca se passou pelas cabeças pensantes da época 'misturar' os dois estilos musicais, tão diferentes e ao mesmo tempo, tão parecidos. E claro, hoje temos bandas com essa junção, e pode ter certeza, é graças a banda Body Count.

Body Count - Início da banda

O rapper Ice-T (alcunha de Tracy Marrow) é considerado o pai do "Gangsta Rap".
Com suas letras violentas, porém mais amenas que de outros rappers, o que é visível em suas letras e no encarte de seus discos, que continham mensagens contra traficantes de drogas e brigas de gangues (inclusive, ele dizia para os jovens estudar para não cair nessa vida), coisa que 90% dos rappers enaltecem hoje em dia.

Ice-T: do Gangsta Rap para o Rock 'n Roll, com talento nato para o Metal.

Depois de ter certo reconhecimento no cenário musical, Ice-T apareceu como vocalista de uma banda de Rock, chamada Body Count.
Ice-T contou como formou a banda: ele conta que tem um primo, que morou com ele quando eram jovens, e o primo só ouvia Heavy Metal. Isso ajudou atrair a atenção de Ice para o estilo.

No final dos anos 80, Ice tinha alguns amigos que tocavam instrumentos. São eles: 
- Ernie C – guitarra
- D-Roc – guitarra (Bendrix substituiu D-Roc, que veio a falecer em 2004)
- Mooseman – baixo (Vincent Price substituiu D-Roc, que veio a falecer em 2000)
- Beatmaster V – bateria (O.T. substituiu Beatmaster, que veio a falecer em 1997)

Ernie-C: exímio guitarrista com influências de Black Sabbath e Led Zeppelin.

Observação: os músicos que faleceram foi por motivo de doença mesmo, não foram assassinados e coisas do gênero, que aconteciam no cenário muiscal do Rap americano.

Imaginem só: uma banda formada só por músicos negros, cujo vocalista é rapper.

O 1º álbum lançado pela banda, 'Body Count', foi lançado em 1992.
Com músicas inspiradas em Punk e Heavy Metal, e letras inspiradas nas ruas, já chamaram a atenção do publico. Letras de protesto, contra o governo e a violência policial, que teve altos indíces nesse período.
Músicas como "Body Count's In The House", "There Goes The Neighborhood" e "The Winner Loses", logo caíram no gosto da galera, juntando o peso do Rock com a fúria do Rap.

Body Count, o 1º disco.

Mas chamaram a atenção por uma música em particular: saiu nas primeiras tiragens do 1º disco a música "Cop Killer" (literalmente, "Matador de Policiais").
Logo precisaram recolher essa primeira tiragens, e recolocar a venda uma 2ª tiragem, sem a música.
Mesmo assim, o disco teve uma venda muito boa. Encontrar uma cópia desse álbum com essa música, é uma raridade sem igual, devido o impacto no mercado.

Em 1994, lançaram o 2º disco: sob o título de "Born Dead", seguiu o mesmo estilo pesado, tanto na música quanto nas letras. "Killin' Floor", "Drive By", "Street Lobotomy" e um cover de "Hey Joe", mantiveram o sucesso da banda.

Born Dead, o 2º álbum.

Claro que o Body Count não escapou e teve um bootleg lançado.
"Don't Fuck With Me, Argentina" é o álbum ao vivo, gravado no 'Obras Sanitarias Stadium', em Buenos Aires, Argentina.
As melhores músicas dos dois primeiros discos, ao vivo, mais a música proibida, "Cop Killer", estão presentes aqui. É um bootleg de qualidade, e extremamente raro!

Don't Fuck With Me, Argentina, o bootleg ao vivo.

Body Count retorna em 1997 com seu 3º disco, "Violent Demise: The Last Days".
Um disco mais pesado que os anteriores, tanto na parte musical, que ficou mais puxada para o Heavy Metal puro, quanto nas letras, que criticam tudo sem dó nem piedade.
O disco já abre com a paulada "My Way", com participação do grupo Raw Breed.
A densa "Bring to Pain", "I Used to Love Her" e "You're Fuckin' With BC" são os destaques do álbum.

Violent Demise: The Last Days, o 3º disco.

A banda excursionou, porém deu uma parada, até em 2006 voltaram com seu novo disco: Murder 4 Hire.

Esse disco é bem puxado para o Trash Metal, pesado como o álbum anterior.
Destaque para as faixas "The Passion of Christ", "The End Game" e "Relationships".

Murder 4 Hire, o 4º disco.

Para se ter uma ideia das apresentações do Body Count, indico o DVD "Smoke Out Presents: Body Count feat. Ice-T".
É bem bacana as pauladas deles ao vivo, e a reação da galera.

Show do Body Count.

O Body Count realmente impactou o mercado underground da música.
Seja pelas polêmicas, por Ice-T, que é um excelente vocalista, tanto de Rock quanto de Rap, por seus exímios músicos, não podemos negar: se existe bandas de Rapcore, Rap Metal e afins, é por causa deles!

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