Fala galera!
Acho que o título de "Casos Sinistros do Rock" nunca se encaixou tão bem em um post.
Não é bobeira, muitos podem até achar, mas eu mesmo não me senti muito à vontade escrevendo esse post. Posso até estar enganado, mas não me lembro de ter escrito um post tão tenso e pesado como esse.
Acredito que essa é uma pergunta que muitos roqueiros (ou quem curte Rock) fazem, porém sem uma resposta exata:
Realmente existem bandas de Rock satânicas?
São apenas bandas marqueteiras?
Olha, acho que esse post foi o que levou mais tempo, mais pesquisa, e mais conversas com grandes conhecedores do assunto aqui na minha cidade. E contou ainda com uma grande ajuda do pessoal da página de terror do Facebook, porque lancei essa mesma pergunta, e tive ótimas respostas do pessoal.
Enfim, vou tentar mostrar as origens do Black Metal, que acho que é uma das vertentes dentro do Rock mais cercado de lendas.
O chamado "Black Metal" surgiu nos anos 80, juntamente com o "Death Metal", que são vertentes do Rock muito pesadas, ou também conhecidas como "Metal Extremo".
A famosa nada inglesa Venom é considerada a precursora do gênero, e o termo Black Metal foi retirado de um de seus discos, com o título de "Black Metal", lançado em 1982. Mesmo o disco sendo considerado Trash, apresentava mais temas e imagens centradas no anticristianismo e no satanismo do que qualquer outro da época. E a banda Venom adotava pseudônimos, o que passou a ser comum no vindouro cenário Black Metal.
Então, o Black Metal é definido como um estilo extremamente agressivo e sombrio, e as bandas que realmente iniciaram esse estilo são: Burzum, Darkthrone, Emperor, Immortal, Sarcófago e Mayhem.
Então, pode-se considerar que o Black Metal como o conhecemos foi criado nos países nórdicos, já que grande parte das bandas são da Noruega e Suécia.
Mas o epicentro de tudo foi com a gravadora/grupo chamado "Inner Circle".
O Inner Circle (também conhecida como Círculo Negro - Black Circle em inglês e Svarte Sirkel em norueguês) formou uma organização anticristã na Noruega na qual vários músicos do cenário Black Metal faziam parte. Os jornalistas chamavam carinhosamente o Inner Circle de "Black Metal Mafia".
Uma imagem rara de Euronymous em sua loja Helvete. |
A origem do Inner Circle começou quando Euronymous (cujo nome real é Øystein Aarseth), guitarrista da banda Mayhem, abriu uma loja de discos chamada Helvete (Inferno em norueguês), no início dos anos noventa.
A loja foi usada como ponto de encontro e sede das primeiras festas do que se tornaria o Inner Circle.
Euronymous era conhecido como um grande orador no Inner Circle, e logo grupo ganhou vários frequentadores, entre eles Varg Vikernes.
Varg Vikernes ou Count Grishnackh, é o vocalista, guitarrista, baixista, tecladista, baterista, escritor e fundador da banda norueguesa, Burzum.
No decorrer dos anos 90, causaram danos e cometeram crimes contra várias instituições cristãs, intimidações contra outros grupos musicais e homícidios.
Os ideais do grupo se baseavam em referências a satanismo (porém, em um ponto de vista diferente de Anton LaVey, fundador da Igreja de Satã na Califórnia), isolacionismo (o país se fechar contra outros países) e paganismo nórdico.
Em 1991, Dead (Per Yngve Ohlin), vocalista do Mayhem se suicidou com um tiro de espingarda na cabeça em sua casa. Dead era conhecido como uma pessoa estranha e sinistra, e suas performances eram no mínimo, obscuras: incluíam se cortar, levar um corvo morto pelo palco e vestir roupas que tinham sido enterradas semanas antes dos shows. Dead deixou um bilhete se desculpando pelo sangue jorrado que sujaria tudo.
Dead, vocalista do Mayhem. |
Euronymous encontrou o corpo, e antes de chamar a polícia, correu comprar uma câmera fotográfica, e tirou várias fotos, e uma delas foi usada na capa do disco "Dawn of the Black Hearts", do próprio Mayhem.
Surgiram boatos que Euronymous havia guardado partes do crânio para fazer um colar e comido pedaços do cérebro de Dead. Vira e mexe, o boato retorna.
Sempre houveram dúvidas quanto a veracidade da imagem: sim, é real. |
Foram tantos atos que o Inner Circle promoveu, que vou tentar listar os piores aqui. Até 1992, 52 igrejas foram queimadas, mais de 15.000 tumbas foram profanadas e pixadas com símbolos satanistas, e objetos de igrejas foram roubados e exibidos como troféus que decoravam a loja Helvete.
Um dos piores incidentes foi o incêndio na famosa Igreja de Madeira de Fantoft, queimada em 1992 por Varg Vikernes. E pra ajudar, a foto da Igreja queimada foi a capa do disco "Aske".
A bela igreja de Fabtoft. |
Na capa do disco, o que sobrou de Fantoft. |
Em 1992, foram queimadas ou atacadas nove igrejas; em 1993, uma; em 1994, doze; e em 1995, seis igrejas.
Algumas bandas sofreram retaliações do Inner Circle. Entre elas a Paradise Lost, Deicide e a Therion. Foram atacadas por seguirem determinadas modas musicais.
O vocalista do Therion teve sua casa queimada por uma mulher chamada Maria, membro do Inner Circle.
Maria ainda cravou uma faca na porta da casa, com a mensagem "O Conde esteve aqui e voltará".
As investigações levaram rapidamente à prisão de Maria, que foi encaminhada para um manicômio. Depois de quatro dias do incêndio, o vocalista do Therion recebeu uma carta do tal "Conde":
"Olá vítima! É o Count (Conde em inglês, ou seja, Varg Vikernes) Grishnackh do Burzum.
Acabo de voltar de uma pequena viagem a Suécia, mais precisamente em um lugar a noroeste de Estolcolmo e acho que perdi um isqueiro e um disco do Burzum, ha ha!
Voltarei muito cedo e talvez, desta vez, não os acordarei no meio da noite. Darei uma lição de medo. Somos realmente muito loucos, os nossos métodos são a morte e a tortura.
As nossas vítimas morrerão lentamente, devem morrer lentamente."
Em 1993, Varg Vikernes concedeu uma entrevista para um jornalista a fim de divulgar a cena Black Metal e a loja Helvete de Euronymous. A entrevista resultou em uma investigação policial que levou Varg a ser preso por algumas semanas e forçou Euronymous a fechar a sua loja.
Ainda em 1993, Varg e uma outra pessoa foram ao apartamento de Euronymous. Após uma briga, Varg esfaqueou Euronymous, cujo corpo foi encontrado nos fundos do apartamento, com 23 facadas, na cabeça, pescoço e costas.
O motivo da briga nunca foi bem esclarecido, mas dizem ter sido por dinheiro de vendas dos discos do Burzum, e Varg afirma que foi atacado por Euronymous primeiro.
Varg foi condenado a 21 anos de prisão por homicídio em primeiro grau, posse ilegal de armas e explosivos e por ter colocado fogo em três igrejas. Varg recebeu o veredito rindo.
O momento do veredito. |
Houve interrogatório dos membros do Inner Circle, e crimes do passado vieram à tona. Alguns membros do Inner Circle foram condenados por homicídio, cumplicidade em homicídios e incêndios.
No mesmo dia em que todas as sentenças foram decretadas, duas igrejas foram incendiadas.
E finalmente em 1994, o Mayhem lançou seu disco "De Mysteriis Dom Sathanas", com Euronymous na guitarra e Varg no baixo, e é considerado o melhor álbum do gênero. E pela primeira vez na história, a vítima e o assassino tocaram juntos.
Capa de "De Mysteriis Dom Sathanas". |
Foi até escrito um livro, intitulado "Lords of Chaos: The Bloody Rise of the Satanic Metal Underground (Lordes do Caos: O surgimento Sangrento do Metal Satânico Underground)", escrito por Michael Moynihan, que relata um pouco sobre está época.
Capa do livro. |
O Inner Circle original já não existe mais.
Com a quantidade de prisões e pressão da justiça, aos poucos as bandas foram acabando. No fim dos anos 90, outra onda de bandas norueguesas lideradas pelo Dimmu Borgir e pelo Old Man's Child surgiram. Porém, ainda existem bandas como o 1349, Taake e Tsjuder que seguem os ideais do movimento Inner Circle.
Varg pouco tempo depois de sair da prisão. |
Varg Vikernes deixou a cadeia após cumprir pena por quase 16 anos. Foi libertado em regime de liberdade condicional no dia 24 de maio de 2009.
Varg voltou a ser preso junto com sua esposa, Marie Cachet, no dia 16 de julho de 2013, na França, acusado de planejar um massacre. Foi libertado no dia 18 de julho do mesmo ano, mas ambos ainda estão sob investigação.
Post do krai! Só não explicitou a questão das bandas satânicas e as só de marketing, mas nem ligo mais pra isso, rsrs. Acho importante entender a história do black metal... pelo que deu para ver foi cheia de intolerância e irracionalidade... triste. Independetemente disso, é importante entender que nem todas - vulga-se a grande maioria - as bandas de Black Metal (principalmente hoje em dia) não aderem a essa ideologia.
ResponderExcluirNo final, o Black Metal talvez até seja um estilo maneiro... rsrs
Se eu falar que agora quero o disco "De Mysteriis Dom Sathanas"... rs.
ExcluirAs bandas marketeiras fica pra um outro post, senão ficava grande demais.
Mas o Black Metal num geral é um estilo maneiro sim.
excelente post!
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