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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Especial Tupac Shakur pt. 2 - "Me Against the World"

Fala galera!

Continuando o especial sobre Tupac Shakur, nessa segunda parte vou abordar o que é, na minha opinião, seu melhor álbum: "Me Against the World", lançado em 14 de março de 1995, enquanto Tupac estava na penitenciária.


"Foi como um disco de blues. Foi um trabalho introspectivo. Foram todos os meus medos, todas as coisas que me faziam perder o sono. Todos achavam que eu estava vivendo muito bem, e indo tão bem, que eu precisei desabafar. E foi preciso um álbum inteiro pra colocar pra fora. Precisei contar meus pensamentos mais profundos, meus segredos mais obscuros, meus problemas pessoais." - Tupac Shakur.

Poster promocional do disco:
"Música sem limitações, para um mundo com altas expectativas."

Diferente de seus outros discos, anteriores ou posteriores, e com a gravação terminada pouco antes de ser sentenciado, Tupac era um homem mudado. Ele viu a morte de perto e sobreviveu, então decidiu explorar seus medos,  pesadelos e confissões.


"... Em geral é uma obra de dor, raiva e desespero queimando - é a primeira vez que 2Pac encarou as forças conflitantes de sua psique." - Cheo H. Coker da revista Rolling Stone.

Logo na introdução, a 1ª faixa, traz uma colagem de várias reportagens de quando Tupac foi baleado em 1994. Logo já imaginamos o que está por vir. A sonoridade de todo o trabalho é, de longe, sombrio e pesado. Porém, muito agradável para o ouvinte. Enquanto esteve preso, Tupac viu seu disco atingir o topo das paradas, e a gravadora lhe deu total liberdade para escolher os singles.

A todo momento, o músico reflete sobre como ele chegou onde está - e o pavor das conseqüências disso.
A cada vírgula, a cada frase, ele mostra os riscos que ele estava vivendo. A faixa-título, "Me Against the World", também fez parte da trilha sonora do filme "Bad Boys", o que ajudou impulsionar o disco.
Nem todas as faixas são paranoicas, mas não deixam seu teor sombrio fugir ao tema. "Temptations" trata de amor, assim como "Can U Get Away". Mas podemos perceber o peso na voz do músico.

Os singles lançados foram:


"Dear Mama", lançado em 21 de fevereiro de 1995;



"So Many Tears", lançado em 13 de junho de 1995;



"Temptations", lançado em 29 agosto de 1995.

E como sempre, Tupac de sua própria morte. E por mais arrepiante que seja, ele realmente estava certo, pois sua morte chegaria em pouco mais de um ano adiante. As faixas "Lord Knows" e a pesadíssima "Death Around the Corner" mostram isso. A música mais famosa da carreira do rapper é, sem dúvida, "Dear Mama", onde ele mostra o respeito por sua mãe, que nunca o abandonou em nenhum momento.

E mais notoriamente, a melhor faixa do álbum (na minha opinião) é "So Many Tears".
É uma canção densa, pesada e sombria, talvez a mais sombria que Tupac compôs em toda sua carreira.
As letras podem ser interpretadas tanto como uma oração a Deus ou como uma parte de um diário que revela depressão do músico.


Diferente de todos os outros discos de Hip Hop da época, que falavam mal da polícia, do governo, ou de brigas, "Me Against the World" foi criado pra ser diferente. Um desabafo necessário antes que a voz de Tupac fosse calada para sempre. É o melhor álbum para entender porque Tupac é tão reverenciado, não pode ser o seu álbum definitivo, mas só por ser o seu melhor ponto de vista.

Aqui termina a parte dois sobre o melhor disco de Tupac.
O próximo post será sobre sua melhor interpretação em um filme.
Até lá!

domingo, 29 de junho de 2014

Especial Tupac Shakur pt. 1 - Entrevista Para a Revista "VIBE"

Fala galera!
Aqui começa a primeira das três partes desse especial do músico Tupac Shakur.
Sem dúvida, Tupac mudou o rumo do Hip Hop mundial na década de 90. Existem vários motivos para afirmar isso, mas apenas para citar um exemplo: geralmente, os músicos começam a gravar uma canção, e demoram em média 10 dias para concluí-la.
Tupac se sentava no estúdio, começava a escrever, e gravava entre 3 e 5 músicas... por dia. O rapper Snoop Dogg afirma que suas letras não continham nem erros de concordância, ou escritas erradas.


Mas no final de 1994 e final de 1995, a vida de Tupac deu uma reviravolta absurda.
Sofreu um atentado em Nova Iorque, onde foi baleado 5 vezes, gravou seu melhor álbum, o "Me Against the World", foi preso por uma acusação de estupro armada pelo governo, e declarou suas desavenças contra os rappers nova-iorquinos Notorious BIG e Sean "Puffy" Combs.

O que segue nesse post é sua entrevista para a revista VIBE, que Tupac concedeu enquanto estava preso, na data de abril de 1995. E nada melhor que o próprio homem falar sobre o que realmente aconteceu naquela noite de 30 de novembro de 1994. Tupac dá a sua opinião sobre quem estava por trás do tiroteio e nos diz exatamente o que aconteceu naquela noite, quando e porquê.
Nunca antes traduzida para o português, é uma novidade que eu consegui trazer para o blog.
Espero que gostem!



Na capa, Tupac diz: "Essa é minha última entrevista. Se eu for morto, quero que as pessoas saibam a verdadeira história.".
A entrevista foi conduzida pela Vibe Magazine, e pelo repórter Kevin Powell, e é, portanto, propriedade da Vibe Magazine. © Kevin Powell/1995 Tempo Publishing Ventures Inc.

Vibe: Você pode nos levar de volta para aquela noite no Quad Recording Studios em Times Square?
Tupac: A noite do tiroteio? Claro. Ron G. é um DJ aqui em Nova York. Ele me pediu, tipo, "Pac, eu quero que você venha à minha casa e grave esse rap em minhas fitas." Eu respondi: "Tudo bem, eu vou de graça.".
Então eu fui à sua casa - eu, Stretch (nota: um rapper que dizia ser amigo de Tupac, porém Tupac afirmou mais tarde que ele estaria envolvido no atentado), e mais dois manos. Depois que eu gravei a música, eu fui bipado por um cara, o Booker, me dizendo que ele queria que eu gravasse no disco de Little Shawn. Agora, esse cara eu ia cobrar, porque eu podia ver que estavam apenas me usando, então eu disse: "Tudo bem, você me dá sete mil e eu vou fazer a música.". Ele disse: "Eu tenho o dinheiro. Venha.".
Eu parei para conseguir um pouco de erva, e ele me chamou de novo. "Onde você está? Por que você não vem?". E eu, tipo, "Eu estou indo cara, espera.".

Vibe: Você conhece esse cara?
Tupac: Eu o conheci através de alguns caras rudes que eu conheci antes. Ele estava tentando ser legítimo e tudo mais, então eu pensei que estava fazendo um favor a ele. Mas quando eu o chamava de volta para as gravações, ele estava, tipo, "Eu não tenho o dinheiro.". Eu disse: "Se você não tiver o dinheiro, eu não vou.".
Ele desligou o telefone, então me chamou de volta: "Eu vou chamar Andre Harrell (CEO da Uptown Entertainment) e ter certeza de que você consiga o dinheiro, mas eu vou dar-lhe o dinheiro do meu bolso.".
Então eu disse: "Tudo bem, eu estou a caminho.". Como nós estávamos andando até o prédio, alguém gritou do topo do estúdio. Foi Little Caesar, o parceiro de Biggie (o Notorious BIG). Esse é o meu mano. Assim que o vi, todas as minhas preocupações sobre a situação estavam tranquilas.

Vibe: Então você está dizendo que foi até ele...
Tupac: Eu me senti nervoso, porque esse cara sabia eu eu tinha arrumado uma briga grande. Eu não queria dizer à polícia, mas posso dizer ao mundo. Nigel tinha me apresentado a Booker.
Todo mundo sabia que eu estava com pouco dinheiro. Todos os meus shows estavam sendo cancelados. Todo o meu dinheiro dos meus discos ia para os advogados; todo o dinheiro dos filmes estava indo para a minha família. Então eu estava fazendo esse tipo de coisa, gravando com os rapazes e sendo pago.

Vibe: Quem é esse cara Nigel?
Tupac: Eu estava andando com ele o tempo todo que estive em Nova York gravando o filme "Above the Rim". Ele veio até mim e disse: "Eu vou cuidar de você. Você não precisa entrar em mais problemas.".

Vibe: Esse Nigel também não é conhecido pelo nome de Trevor? 
Tupac: Certo. Há um verdadeiro Trevor, mas Nigel levou ambos os apelidos, você entende? Então é isso que eu estava fazendo - cheguei perto deles. 
Eu costumava vestir calças e tênis. Eles me levaram às compras; foi quando eu comprei o meu Rolex e todas as minhas jóias. Eles me fizeram amadurecer. Eles me apresentaram a todos esses gangsters no Brooklyn. Eu conheci a família de Nigel, fui para a festa de aniversário de seu filho - eu confiava nele, você entende? Eu até tentei colocar Nigel no filme, mas ele não queria estar no filme. Isso me incomodou. Eu não conheço nenhum negro que não queria estar no cinema.

Vibe: Podemos voltar para o tiroteio? Quem estava com você naquela noite?
Tupac: Eu estava com Stretch em casa, seu camarada Fred, e o namorado da minha irmã, Zayd. Não estava com guarda-costas; eu não tenho um guarda-costas. Nós chegamos ao estúdio, e havia um cara lá fora em uniforme militar com o chapéu baixo no rosto. 
Quando nós caminhamos para a porta, ele não olhou para cima. Eu nunca vi um homem negro não me reconhecer de uma forma ou de outra, seja com inveja ou respeito. Mas esse cara só olhou para ver quem eu era e virou o rosto para baixo. Não me toquei, porque eu tinha acabado de fumar um baseado. Eu não esperava que algo ia acontecer comigo no lobby do prédio. Enquanto esperamos para beber, eu vi um cara sentado em uma mesa de leitura com um jornal. Ele não olhou para cima também.

Vibe: Estes são os dois homens negros?
Tupac: Homens negros na casa dos trinta. Então primeiramente pensei "estes caras devem ser os segurança do Biggie, porque eu sabia que eles eram de Brooklyn, devido seus uniformes militares. (nota: os rappers ou membros de gangue, naquela época, usavam roupas camufladas)"
Mas então eu pensei: espere um minuto. Até manos Biggie me curtem, por que não olham para cima? Apertei o botão do elevador, me virei, e é aí que os caras saíram com as armas, duas 9 mms idênticas. "Ninguém se mexe. Todo mundo no chão. Você sabe que hora é. Corre, seu merda.".
E eu pensei: O que devo fazer? Pensei que Stretch ia brigar; ele estava indo pra cima dos caras. Pelo que eu sei sobre crime, se os caras vêm para roubá-lo, eles sempre vão acertar o cara maior primeiro. Mas eles não tocaram em Stretch; eles  vieram direto para mim. Todo mundo caiu no chão como batatas, mas eu gelei. Não era como se eu estivesse sendo corajoso nem nada; Eu simplesmente não podia ficar no chão. Eles começaram a me agarrar para ver se eu estava armado. Eles disseram: "Tire suas jóias", e eu não queria tirá-las.
O cara de pele clara, o que estava em pé do lado de fora, chegou em mim. Stretch estava no chão, e o cara com o jornal estava apontando a arma para ele. Ele estava dizendo ao cara de pele mais clara, "Atira, filho da puta! Foda-se!".
Então eu fiquei com medo, porque o cara estava com a arma para o meu estômago. Eu passei meu braço em torno dele para mover a arma para o meu lado. Ele disparou e a arma torceu, e foi quando eu fui atingido pela primeira vez. Eu senti isso na minha perna; Eu não sabia que levei um tiro no saco. Eu cai no chão. Tudo na minha mente dizia, Pac, finja estar morto. 
Não importava. Eles começaram a me chutar, me bater. Eu nunca disse: "Não atire!". Eu estava tranquilo como o inferno. Eles estavam roubando as minhas coisas enquanto eu estava deitado no chão. Eu mantive os olhos fechados, mas eu estava tremendo, porque a situação me mantinha tremendo. E então eu senti algo na parte de trás da minha cabeça, algo muito forte.
Eu pensei que eles pisaram em mim ou me deram coronhadas, e eles estavam batendo a minha cabeça contra o concreto. Eu só vi branco, apenas branco. Eu não ouvi nada, eu não senti nada, e eu disse, estou inconsciente. Mas eu estava consciente. E então senti isso de novo, e eu podia ouvir as coisas agora, e eu podia ver as coisas e eles estavam trazendo-me de volta à consciência. Em seguida, eles fizeram isso de novo, e eu não conseguia ouvir nada. E eu não podia ver nada; que era apenas tudo branco. E então eles me bateram de novo, e eu podia ouvir as coisas e eu podia ver as coisas e eu sabia que estava consciente novamente.

Vibe: Alguma vez você ouvi-los dizer o nome deles? 
Tupac: Não. Não. Mas eles me conheciam, ou então eles nunca iriam verificar se eu estava armado. Era como se estivessem com raiva de mim.  Eu senti eles me chutando e me batendo; eles não bateram em mais ninguém. 
Era, tipo, "Ooh, filhos da puta, ooh, aah" - eles estavam chutando forte. Eu estava ficando inconsciente, e eu não estava sentindo nenhum sangue na minha cabeça ou nada. A única coisa que eu senti foi meu estômago doendo muito. O namorado da minha irmã se virou e me disse: "Ei, você está bem?".
Eu respondi, "Fui baleado, fui baleado.". E Fred disse que fui atingido, mas isso era a bala que passou pela minha perna. Então eu me levantei e fui até a porta - todo fodido - e assim que cheguei à porta, vi um carro da polícia parado lá.
Eu pensei: "Oh-oh, a polícia está chegando, e eu nem sequer subi as escadas.". Então nós saltamos no elevador e subimos. Eu estava mancando e tudo, mas não sentia nada. Estava entorpecido. Quando chegamos lá em cima, eu olhei ao redor, e isso assustou pra caralho.

Vibe: Por que?
Tupac: Porque Andre Harrell estava lá, Puffy (CEO da Bad Boy Entertainment, Sean "Puffy" Combs) estava lá, Biggie ... havia cerca de 40 manos lá. Todos eles tinham jóias. Mais jóias do que eu. Vi Booker, e ele tinha um olhar em seu rosto como ele ficou surpreso ao me ver.
Por quê? Eu tinha acabado de apertar a campainha e disse que estava subindo. Little Shawn estava chorando. Por que Little Shawn estava chorando, se eu levei um tiro? Ele estava chorando incontrolavelmente e dizendo, "Oh meu Deus, Pac, você tem que se sentar!". Eu estava me sentindo estranho, como: Por que eles querem me fazer sentar?

Vibe: Porque cinco balas tinham passado por seu corpo.
Tupac: Eu não sabia que tinha sido baleado na cabeça ainda. Eu não senti nada. Eu abri minha calça, e eu podia ver a pólvora e o buraco.
Eu não queria mostrar pra eles se meu pau ainda estava lá. Eu só vi um buraco e disse, "Oh merda. Me arrume um pouco de erva.".
Eu liguei para a minha namorada: "Ei, eu só levei um tiro. Ligue para a minha mãe e diga a ela.". Ninguém se aproximou de mim. Notei que ninguém queria olhar para mim. Andre Harrell não olhava para mim. Eu estava saindo para jantar com ele nos últimos dias. Ele havia me convidado para o "New York Undercover (nota: extinto grupo de rap)", dizendo-me que ele ia me arrumar um emprego. Puffy estava afastado também. Eu conhecia Puffy. Ele sabia quantas coisas eu tinha feito por Biggie antes que ele ficasse famoso.

Vibe: As pessoas viram sangue em você?
Tupac: Eles começaram a me falar: "Sua cabeça! Sua cabeça está sangrando!". Mas eu pensei que era apenas uma coronhada. Em seguida, a ambulância chegou, e a polícia. Primeiro eu percebi que o policial que chegou era o policial que prestou depoimento contra mim na acusação de estupro. Ele tinha um meio sorriso no rosto, e ele viu os caras olhando para as minhas bolas. Ele disse: "O que há, Tupac? Como vai isso?".

Tupac na saída do estúdio. Ele nem imaginava a quantidade de tiros que levou.

Quando cheguei ao Bellevue Hospital, o médico disse, "Oh meu Deus!".
E eu "O que? O que foi?". E eu ouvi ele dizendo a outros médicos,"Olhe para isso. É pólvora aqui.". Ele estava falando sobre a minha cabeça.
"Esta é a ferida de entrada. Este é o ferimento de saída.". E quando ele fez isso, eu podia sentir os buracos. Eu disse: "Oh meu Deus. Eu podia sentir isso.". Era por isso que eu estava desmaiando no saguão do prédio. E foi aí que eu disse: "Oh merda. Eles me deram um tiro na minha cabeça.". Eles disseram: "Você não sabe a sorte que tem. Você foi baleado cinco vezes.".
Foi estranho. Eu não queria acreditar. Eu só conseguia me lembrar do primeiro tiro, então tudo ficou branco.

Vibe: Em algum momento você achou que ia morrer? 
Tupac: Não. Juro por Deus. Para não soar assustador ou nada, eu senti Deus cuidando de mim desde o primeiro momento em que os manos puxaram as armas. A única coisa que me magoou foi que Stretch e todos os outros deitaram no chão. As balas não doeram. Nada doeu até que eu estava em recuperação. Eu não podia andar, não podia levantar, e minha mão ficou fodida.
Eu estava olhando as notícias e estavam mentindo sobre mim.

Vibe: Conte-me sobre alguma cobertura que aborreceu você.
Tupac: A primeira coisa que me incomodou foi aquele cara que escreveu essa merda dizendo que eu pretendia fazer isso. Que eu tinha encenado, que foi um ato.
Quando li isso, eu comecei a chorar como um bebê, como uma bicha. 
Eu não podia acreditar. Isso me deixou em pedaços.
E, em seguida, os noticiários estavam dizendo que eu tinha uma arma e erva comigo. Em vez de dizer que eu era uma vítima, eles estavam fazendo como se eu tivesse feito isso.

Vibe: E sobre todas as piadas, dizendo que tinha perdido um de seus testículos?
Tupac: Isso não me incomoda, porque eu penso, merda, eu vou ser o último a rir. Porque eu tenho mais coragem que todos esses manos.
"Você pode ter bebês", meus médicos disseram.
Me disseram isso na primeira noite, depois que começaram a cirurgia exploratória: "Nada há de errado. A bala entrou e saiu.". É a mesma coisa com a minha cabeça. A bala entrou e saiu.

Vibe: Você já teve muita dor desde então?
Tupac: Sim, eu tenho dores de cabeça. Eu acordo gritando. Tenho tido pesadelos, pensando que ainda estão atirando em mim. Tudo o que vejo é manos puxando armas, e eu ouço o cara dizendo: "Atire filho da puta!".
Então eu acordo suado como o inferno. Droga, eu tenho muita dor de cabeça. O psiquiatra em Bellevue disse que é o estresse pós-traumático.

Vibe: Por que você deixou Bellevue Hospital?
Tupac: Deixei Bellevue na noite seguinte. Eles estavam me ajudando, mas eu me senti como um projeto de ciências. Eles continuaram chegando, olhando para o meu pau e, merda, e isso não era uma posição legal para ficar. E eu sabia que minha vida estava em perigo. O Fruto do Islã estava lá, mas eles não têm armas. Eu sabia que tipo de manos que eu estava lidando.

Tupac na saída do hospital.

Então eu deixei Bellevue e fui para o Metropolitan.
Eles me deram um telefone e disseram: "Você está seguro aqui. Ninguém sabe que você está aqui.". Mas o telefone tocava e alguém dizia: "Você ainda não está morto?". Eu sempre pensava: "Merda! Esses filhos da puta não tem nenhuma piedade.". Então eu saí do hospital, e minha família me levou para um local seguro, alguém que realmente se importava comigo em Nova York.

Parecia ou não que o músico estava com medo?
****

Tupac saiu dois dias depois do hospital, mesmo sem autorização dos médicos, pois ele temia por sua vida.
Em menos de 5 meses depois, já foi condenado à prisão. Mas ele já havia terminado de gravar as canções para seu novo disco, que é a próxima parte desse especial.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Soundgarden - 20 Anos de "Superunknown"

Fala galera!

Gosto muito de falar de Rock por aqui, inclusive os vários álbuns que escuto ou escutei, mas alguns realmente me marcaram muito.
Sempre alguns discos (ou disco) fazem parte da trilha sonora da nossa vida.

E é com grande prazer que venho postar sobre uma banda que sempre me marcou muito, o Soundgarden, e sobre o álbum "Superunknown", que escutei demais na minha adolescência, e esse sim, faz parte da trilha sonora da minha vida.

Da esquerda pra direita: Matt Cameron, Kym Thayil, Chris Cornell e Ben Shepherd.

A banda formada por Chris Cornell (vocal, guitarra), Kim Thayil (guitarra), Matt Cameron (baterista) e Ben Shepherd (baixo) lançaram este álbum em 1994, e trouxeram até então a inspiração de seus três discos anteriores, e criaram o que é considerado sua obra-prima.

No meio do turbilhão do Grunge, o disco é considerado um dos melhores da época, pra não falar de todos os tempos. É nesse disco que a voz de Chris Cornell se tornou a potência conhecida de hoje. E pra quem não sabe, não foi o Nirvana que "inventou" o Grunge. O Soundgarden foi a banda pioneira.

A voz de Chris Cornell se tornou mais conhecida em 1994.

Sucesso comercial e de crítica, foi o álbum que os levou ao sucesso. Com as canções "Black Hole Sun", "The Day I Tried to Live", "Fell on Black Days", "Spoonman" e a faixa-título "Superunknown", que trazem letras obscuras, misteriosas, sendo que muitas músicas estão relacionados com abusos, suicídios e depressão.

Capa original de "Superunknown".

A arte de capa do álbum (conhecida como "Screaming Elf") é uma fotografia distorcida dos membros da banda, tirada por Kevin Westenberg, sobre uma imagem de uma floresta queimando de cabeça para baixo em preto-e-branco. Quanto ao trabalho de arte, Cornell disse:
"Superunknown se relaciona com nascimento de certa forma...Nascendo ou até mesmo morrendo. A coisa mais difícil era encontrar a imagem visual certa para pôr em um título como esse. A primeira coisa que pensamos foi em uma floresta em cinza ou preto. 
Eu gostava daquelas histórias quando criança, onde florestas eram cheias de coisas malignas e assustadoras, ao invés de serem jardins felizes que você podia acampar".

E depois de 20 anos, a banda relançou esse álbum!
"Superunknown" - Deluxe Edition é um disco duplo, com capa especial e encarte com 28 páginas, toda a arte retrabalhada e com fotos inéditas.
As músicas do disco 1 foram remasterizadas, e o disco 2 traz demos, ensaios, versões acústicas, remixes e faixas inéditas da época em que o disco foi gravado.

Capa retrabalhada de "Superunknown" Deluxe Edition.

E uma curiosidade: Um palhaço de um programa de televisão, que era chamado "Superklown", inspirou o nome do álbum. Além de ser um ítem de colecionador, é sem sombra de dúvida um pedaço importante da história do Rock, e é a oportunidade de ouvir o Soundgarden no auge de sua forma.

Segue traklist dos discos:


Disco 1 - Remastered Album

01. Let Me Drown
02. My Wave
03. Fell on Black Days
04. Mailman
05. Superunknown
06. Head Down
07. Black Hole Sun
08. Spoonman
09. Limo Wreck
10. The Day I Tried to Live
11. Kickstand
12. Fresh Tendrils
13. 4th of July
14. Half
15. Like Suicide
16. She Likes Surprises

Disco 2 - Demos, Rehearsals, B-Sides, Remixes

01. Let Me Drown (Demo)
02. Black Hole Sun (Demo)
03. Half (Demo)
04. Head Down (Rehearsal)
05. Limo Wreck (Rehearsal)
06. The Day I Tried to Live (Rehearsal)
07. Like Suicide (Acoustic)
08. Black Days III (Fell on Black Days Demo - Early Version)
09. Birth Ritual (Original Demo Version)
10. Exit Stonehenge
11. Kyle Petty, Son of Richard
12. Jerry Garcia’s Finger
13. Spoonman (Alternate Steve Fisk Remix)
14. The Day I Tried To Live (Scott Litt Mix)
15. 4th of July (Instrumental)
16. Superunknown (Instrumental)

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Casos Sinistros da Música - Tupac Shakur

Fala galera!

Voltei com mais um dos "Casos Sinistros da Música".
Quando comecei a postar esses casos, não achei que os visitantes iriam gostar tanto. E isso me incentivou a pesquisar mais sobre algumas histórias sinistras que eu já conhecia, colher a maior quantidade de detalhes e mostrar pra vocês.
E dentre esses casos, o que intriga muito as pessoas, é o do rapper Tupac Shakur.



Claro que outros músicos possuem casos estranhos, como Elvis Presley que não morreu, assim como Michael Jackson, e assim como Tupac também.
Tupac viveu não como um rapper, mas sim como um Rockstar.
Mas o grande diferencial é que mesmo após os quase 18 anos de sua morte, Tupac é responsável por uma quantidade sem número de teorias sobre sua possível "morte (ou como forjou sua morte)".

Apenas para lembrar: Tupac foi atingido por 5 tiros no dia 7 de setembro de 1996, mas morreu no hospital em 13 de setembro do mesmo ano.
Então surgiram várias teorias de conspiração, que vão desde o dono de sua gravadora ter envolvimento no assassinato, os Illuminatis encomendarem a morte do músico e uma teoria envolvendo o número "7", que por sinal é a mais utilizada, que nos mostra uma grande quantidade de coincidências do uso ou aparecimento desse número nas músicas, frases e vídeos de Tupac.

Dentre tantas teorias, parece que ninguém ouviu o que o rapper dizia.

Mas deixando essas teorias de lado, existe um fato obscuro, por detrás de tudo o que foi apresentado, e que nunca vem à tona: seria possível uma pessoa prever eventos futuros em sua vida?

E Tupac realmente previu vários fatos ocorridos em sua vida, em sua músicas. Algumas dessas previsões, ocorreram algum tempo antes. Outras, mais próximas.Vamos aos exemplos.

Em 1991, Tupac lançou seu primeiro álbum, "2Pacalypse Now".
Nesse álbum, que iniciou sua carreira, a música chamada "Trapped", fala sobre a armação dos policiais faziam para prender qualquer pessoa.

Capa do disco de 1991.

Em 1992, Tupac foi preso em Oakland. Os policiais disseram que ele ofendeu os policiais, mas as testemunhas disseram que ele apenas atravessou a rua e os policiais chegaram batendo, e armaram uma grande farsa para tentar prender o músico.
"Escrevi uma música no meu disco sobre o que meus amigos me contavam sobre a polícia. Nunca havia sido preso. Escrevi a música, fui espancado pela polícia."

Em 1993, Tupac lançou seu segundo disco, "Strictly 4 My N.I.G.G.A.Z.", cantou em várias músicas sobre a liberdade de expressão e como o governo tentava calar quem dizia a verdade.
Entre 1993 e 1994, seus discos passaram por uma severa condenação de apologia à violência e quase foram proibidos.

Capa do disco de 1993.

Até aqui, não parece muito grave, certo?
Agora vem as partes mais chocantes.

O seu quarto disco lançado em 1995, "Me Against the World", foi lançado pouco antes de uma fase turbulenta em sua vida. 
A música "If I Die 2Nite (Se Eu Morrer Essa Noite)" fala do perigo de vida que ele corre. Na música "Outlaw (Fora da Lei)" ele diz que uns caras mascarados vieram atirar nele.

Capa do disco de 1995.

Poucos dias antes da mixagem do disco, Tupac foi baleado 5 vezes em Nova Iorque, por homens mascarados no saguão de um prédio.
Na canção "It Ain't Easy (Não é Fácil)" ele canta sobre estar na cadeia. No início de 1995, uma semana antes do lançamento do disco, foi preso por uma acusação armada pela polícia.

Então, à partir desse ponto, ele mesmo começou a ficar paranóico.
Assim que saiu da cadeia (onde ficou cerca de 10 meses), ele entrou em um estúdio e gravava três músicas por dia. Completou um disco duplo em cerca de 15 dias. Ele mesmo dizia: "Não tenho muito tempo. Então preciso deixar as coisas arrumadas.".

Então, poucos dias antes de sua morte, em 1996, é lançado o disco "All Eyez on Me", com a música "I Ain't Mad At Cha (Não Estou Bravo com Você)". E para surpresa de todos, o vídeo mostra Tupac saindo de um local público com um amigo, e sendo alvejado algumas vezes, e acaba morrendo. E isso foi algo extremamente similar ao que ocorreu em sua vida real, poucos meses depois, onde ele foi baleado na saída da luta de Mike Tyson, onde estava com um amigo.

O homem mascarado se aproximando;
Tupac e um amigo saindo do local;
Tupac sendo baleado. Tudo muito parecido com a realidade.

Apenas uma reportagem falou sobre isso, mas a revista em questão foi retirada das bancas em menos de dois dias após ser lançada.

"Será que o rapper Tupac Shakur previu sua própria
morte em seu último vídeo?". A reportagem que sumiu das bancas.

Tantas pessoas se preocuparam com a possível morte forjada de Tupac, com várias teorias sobre sua morte.
Mas até agora, nunca apontaram que ele sabia que iria morrer cedo e de forma violenta.
Será que foi apenas coincidência? Ou será que ele realmente previu alguns passos decisivos em sua vida?
E o mais intrigante: sua morte foi profetizada, por ele mesmo, e ele deixou isso registrado.